Sobre a regulamentação

Devemos impedir que profissionais não formados em informática ingressem no mercado de trabalho ocupando cargos de programadores ou analistas de sistemas? Devemos definir um teto salarial para a profissão?

Muitos são da opinião de que sim. De que essas medidas tornariam o mercado menos prostituído e garantiriam melhor qualidade de vida para quem optou por uma área tão difícil como a informática. Na minha opinião, eu acho que não. Regulamentar a área é importante, no sentido de reconhecer que as profissões existem e, em certo grau, dar a sociedade uma informação clara sobre qual é o papel de cada profissional. Mas a importância para por aí.

O que alegam os defensores

A falácia do piso salarial

O primeiro argumento que eu gostaria de desconstruir é o do piso salarial. Algumas pessoas acham que seria possível ganhar mais, simplesmente através de um decreto do governo, dizendo que um programador, a partir de hoje, deveria ganhar X reais.

O primeiro pensamento econômico e mais simples que imediatamente destrói esse argumento é: Quem vai pagar essa conta? O simples surgimento da lei não deixará as empresas mais ricas. Então, temos aí duas possibilidades ao meu ver:

  1. As empresas irão contratar menos: Isso mesmo! Algumas pessoas serão contratadas pelo tal piso, mas ao custo do cargo de outras. A matemática é simples. Se um funcionário passa a custar 30% mais, basta demitir 1 funcionário a cada 4, e teremos o orçamento equilibrado. Os outros, ficam sobrecarregados assumindo a posto dos seus colegas, além dos seus próprios. Esse é um panorama tenebroso e eu prefiro nem pensar no assunto;
  2. As empresas irão se tornar mais informais: Sabe o tal funcionário-PJ? Aquele que não tem direito a férias, décimo terceiro e nem está sujeito ao piso salarial? Que não tem qualquer direito trabalhista? E que no fundo é uma prática ilegal? Pois é, ele será ainda mais valorizado pelas empresas.

Os sindicatos, com sua visão esquerdista míope, tentam convencer de que para aumentar o salário, basta os burgueses resolverem abrir mão dos seus exorbitantes lucros e pagar essa conta. Essa visão simplista causa mais mal do que bem. Basta lembrar que boa parte dos empregos está nas empresas pequenas e médias, que estão submetidas a uma carga fiscal escorchante e estão longe de terem lucros exorbitantes. E que, do contrário do que pensam essas pessoas, os empresários querem ver sua empresa crescer, se desenvolver e produzir. Claro que para isso ele vai querer maximizar a curva de gasto/produção mas, já sabemos que programadores num ambiente hostil não produzem bem.

Proteção contra amadores

O segundo ponto dos defensores de uma regulamentação é o da proteção contra os amadores. Esses “prostitutos” estariam acabando com salários ao entrar no mercado exigindo pouco, oferecendo trabalho de baixa qualidade, e “manchando” o nome de profissionais sérios.

O primeiro argumento que tenho contra essa alegada proteção é simples: Liberdade de escolha. Não nossa, mas de nosso cliente. Então, por que ele não teria o direito de escolher um profissional barato, ao custo da qualidade? Digamos que você abra hoje uma empresa, praticamente sem capital para investir, e precise de um website. Você ainda não tem base de clientes ou perspectiva de vendas, mas hoje em dia ter um website é fundamental. Você estaria proibido de contratar um estagiário, ou um profissional de baixo custo. Isso mesmo, proibido? Gostou da palavra? Significa que o governo diz que você é incompetente para fazer essa escolha e que somente alguém certificado por ele pode trabalhar.

O segundo argumento é aquele que qualquer um que cursou uma faculdade nota ao final do curso: Parte dos seus colegas, que está se formando com você, não tem a menor noção do que seja um algoritmo, um computador e você nem sabe como ele chegou até ali. Ele só fala nos anos frustrados que passou lá dentro e como será brilhante sua futura carreira de veterinário, administrador das empresas do pai, professor infanto-juvenil ou qualquer outra profissão bem longe do computador. Esses sim, quando resolvem realmente ir ao mercado, são os verdadeiros prostitutos da área.

O que uma lei de proteção viabiliza para esse tipo de pessoa é a capacidade de vender assinaturas (como já é feito, por exemplo, na engenharia) para quem realmente gosta da área, mas não tem o diploma. E essa pessoa pode não ter esse diploma simplesmente por ter entrado num curso novo, de alguma faculdade, que o MEC resolveu não reconhecer; ou pq no último ano, teve que desistir por problemas pessoais; ou por ser um excelente auto-didata. O motivo não importa.

Finalmente, uma “proteção” dessas não é necessária simplesmente porque empresas sérias não precisam delas para saber o óbvio: Que há mais chances de se conseguir um profissional de qualidade se ele for formado. É simples, pegue um jornal num domingo, veja as ofertas das empresas grandes e boas e veja quantas delas não exigem um diploma universitário, ou não dão preferência para profissionais com experiência…

Meu amigo, minha opinião é de que, se você é um profissional da área e se sente ameaçado por aquele filho do vizinho cheio de espinhas que faz websites por aí, é porque você é um profissional medíocre. Reconheça isso e se aperfeiçoe, ao invés de querer que o governo te proteja atrás de um pedaço de papel.

Leis e responsabilidade penal

Um dos outros argumentos de quem exige uma regulamentação é das leis e da resposabilidade penal. Basicamente diz o seguinte: “Quem deve se responsabilizar caso um software falhe, causando um prejuízo de milhões? Como atestar que houve imperícia por parte da equipe técnica? Ou como a equipe técnica pode se eximir nesse caso, caso tenha feito tudo certo, nos limites de suas capacidades?”

Embora louvável, esse argumento encontra os seguintes problemas ao meu ver:

Para dizer se alguém agiu de acordo com perícia ou não, é necessário regulamentar que práticas são consideradas “oficiais” e quais não são consideradas “oficiais” numa modelagem de software. Isso significa que metodologias se tornarão mais rígidas, processos serão considerados oficiais e que um conselho normativo terá que ser eleito, com o poder de avaliar casos e fiscalizar a construção do software. Exatamente como ocorre com áreas como a medicina ou a construção civil. Agora, sejam sinceros. A informática tem processos confiáveis para a construção de um software? Eles são aplicáveis em todos os sistemas? E nosso cliente está disposto a pagar por tanta robustez? Creio que a resposta, na maior parte dos casos, seja não.

Sem falar, que uma rigidez em processos de informática poderia ser tão prejudicial quanto. Suponhamos que esse conselho decida que para um software ser considerado robusto e bem documentado seja necessário: os diagramas UML do software e um processo de controle rígido, como um CMMI de nível não inferior a 3. Além disso nos prejudicar ao combater metodologias ágeis, por exemplo, tornaria os custos de criar ou abrir uma empresa de software altíssimos.

A verdade é que a maior parte dos sistemas que desenvolvemos não põe em jogo vidas humanas, ou podem gerar catástrofes graves o suficiente para justificar tanto custo. Por outro lado, os que precisam, já são regulamentados pela sua respectiva engenharia ou medicina.

Agora, vejam o projeto de lei de informática que já existe. Ninguém responde a pergunta sobre que processos usar, mas obviamente, já definiram o nome do órgão a quem deveremos pagar parte do nosso salário.

E o que adiantaria?

Se tudo aquilo não melhora a área, o que melhora? Na minha opinião, são as seguintes coisas:

Melhores políticas econômicas

Uma coisa é fato. Seu salário só sobe, se seu patrão tiver dinheiro para pagar um salário melhor. Esse é o primeiro passo. Na economia a lei da oferta e da procura é muito forte e, se vc tiver mais patrões querendo seu serviço e com dinheiro para pagar melhor, melhor para você. Portanto, melhores políticas de impostos, que tornem nossos clientes e contratadores mais simples, estão ao nosso favor. É isso que chamamos de “aumentar a capacidade produtiva”.

O governo deve dar mais possibilidade para quem é pequeno de crescer, e levar os programadores (ou pessoas de qualquer outra área) com ele.

Poderíamos realmente ter uma maior flexibilização da CLT. Sim, amigos, isso significa abrir mão de alguns direitos, em prol de sermos mais flexíveis e mais contratáveis. Em prol de viabilizarmos outros e bons negócios.

No caso do nosso país, há muito espaço também para leis de incentivo a micro empreendedores inviduais e pequenas empresas. Essas categorias já existem para outras áreas, mas não para informática.

Mecanismos de certificação

Embora eu tenha dito que a lei não devesse barrar quem não é certificado, eu não estava negando a importância dos certificados. Um mecanismo de certificação sério não só ajuda a área a se definir, como também ajuda os clientes a saberem quem potencialmente tem qualidade, e quem não tem. Também valoriza os profissionais que estudaram determinadas áreas, e facilitam a entrada no mercado de trabalho de quem ainda não tem experiência profissional. Obviamente, para que essa medida dê certo os mecanismos:

  1. Devem ser suficientemente rígidos, para não certificar qualquer turista que faça a prova;
  2. Devem ser coesos, no sentido de dar “nome aos bois” corretamente e um certificado de “programador pleno” ter um significado palpável para os contratantes. Nesse ponto, uma regulamentação do mercado é interessante;
  3. Devem abranger conteúdos que realmente são valorizados pelo mercado (do contrário do que acontece com o poscomp hoje).

O certificado tem um papel adicional, que não pode ser imposto por lei. Obviamente, um profissional com anos de carreira e um portifólio de sucesso, pode usar esse mesmo portifólio, ao invés de se certificar.

Falar a língua do cliente

Infelizmente, ainda não falamos a língua do nosso cliente. Ele não está sabendo escolher, e a culpa também é nossa. Temos que melhorar nossa capacidade de comunicação. Temos que dar a ele mais subsídio, para saber diferenciar um trabalho de qualidade de um ruim, para saber contratar.

Para o cliente, não interessa saber se o sistema é em PHP ou em java. Não interessa saber se usamos métodos ágeis ou totalmente waterfall. Interessa saber sobre custos, prazos e se o problema dele será ou não atendido.

Então, como convencê-lo de que estamos trabalhando direito? Eu sinceramente não sei. Mas não se pode negar que um dos grandes méritos dos métodos mais modernos de desenvolvimento envolve ter o cliente ao lado, acompanhando o desenvolvimento e se inteirando do processo. E também envolve o processo dizer que os programadores devem estar abertos a feedbacks constantes.

Não se acomodar

Por último, mas não menos importante. A área só melhorará para você, se você não se acomodar. Lembre-se que o mercado paga mais para os melhores. Se você está numa empresa ruim, troque de empresa. Eu sei que não é fácil, envolve riscos e nem sempre um emprego estará disponível no dia seguinte, mas na nossa área ainda há muito emprego e muita demanda.

Se você não está bem empregado, procure reavaliar-se e ver se a culpa não é sua mesmo. Muitas vezes é. Busque oportunidades e arrisque. Faça uma poupança, que te permite ter esse tipo de mobilidade.

Procure fazer pós-graduação ou mestrados. Se não pelo conhecimento, faça pelo networking, destaque-se busque oportunidades. Você talvez já tenha feito algum blog, na esperança de se tornar mais conhecido (ou pq todo mundo no seu fórum favorito tem um). Mas pergunte-se. O que meu blog tem de diferente dos outros? Por que eu chamaria atenção com ele? Estou criando com ele um bom portifólio, ou só estou mostrando o quão incompetente eu sou?

Só para concluir

Bem, essas são apenas opiniões pessoais. Mas creio sinceramente que achar que uma regulamentação rígida nos protegeria é cair na inocência de que o governo é capaz de nos proteger. Porém historicamente, o governo só tem feito o contrário: se mostrado um péssimo administrador, um péssimo fiscal e um ótimo agente para arrancar nosso dinheiro.

O governo não só não nos protegeria, como uma regulamentação rígida tornaria a área mais burocrática, mais lenta e nosso país menos competitivo.

Sobre Vinícius Godoy

Leia a biografia completa aqui: http://pontov.com.br/site/index.php/colaboradores/54-vinigodoy
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31 respostas para Sobre a regulamentação

  1. Camila disse:

    Olá, Vinicius, concordo com vc em gênero, número e grau. As pessoas têm que parar de usar leis e regulamentações como pretexto para não se especializarem. Uma coisa é uma área que vai comprometer a vida e a segurança física das pessoas, necessidades básicas, como a engenharia ou a medicina. Realmente, essas precisam ser fiscalizadas. Outras áreas devem ser ditadas pela concorrência de mercado. Quanto mais os clientes e empresas exigirem, mais elas se especializarão e serão competentes. Afinal, vamos combinar, quem dita o salário de alguém: a lei ou o mercado? Pode falar o que for, a lei orienta, mas o mercado pode, ou não, cumpri-la, como vemos em várias áreas regulamentadas. Esse assunto é longo, mas vc expôs, com sua opinião, nada mais do que a realidade hoje praticada. Se é justa, ou não, daí é outro assunto.

  2. Bruno Sanches disse:

    Na minha visão, essa história de regulamentação vai resultar em apenas mais uma taxa para a gente pagar todo mês para o tal orgão regulador.

    Sobre salário “mínimo” já existe, de acordo com seu sindicato. Em Sp pelo menos tem um salário mínimo, mas é mínimo mesmo e ao meu ver só ganha o funcionário medíocre ao extremo.

    ” Seu salário só sobe, se seu patrão tiver dinheiro para pagar um salário melhor” -> Faltou dizer: “um funcionário precisa dar lucro a empresa e seu salário só vai subir se o lucro que você cria aumentar consideravelmente”.

    T+

  3. Não sei se essa regulamentação é ideal, mas alguma coisa precisa ser feita sim. No mercado hoje vemos uma isenção de responsabilidade muito grande, é um cara que dá um prejuízo enorme numa empresa e na semana seguinte está em outra como se nada tivesse acontecido. É gente sem diploma ou gente que estudou outra coisa e acaba caindo na nossa área já que é uma zona mesmo e ninguém se interessa se a pessoa tem o terceiro grau em computação. Um médico exercendo sem diploma vai preso sem conversa, uma prédio que cai vão atrás do engenheiro que projetou, uma contabilidade incorreta a Receita Federal vai atrás do corretor, um profissional de TI que pode causar um prejuízo enorme causando até desemprego (já presenciei isso) nada acontece. Para quem trabalha na linha, eu considero uma injustiça ser essa bagunça, uma desvalorização de uma área tão importante que nenhuma empresa vai pra frente sem ela. Concordo com muita coisa que você falou, mas ainda sou favorável a regularizar um pouco essa zona que é hoje…

    • vinigodoy disse:

      Eu também sou obrigado a contratar um contador em diversas situações, onde eu mesmo poderia fazer a contabilidade sozinho. Esse é um dos fatores que mais impede a abertura de pequenas empresas formais no Brasil. Se o contador fizer besteira, isso não isenta a minha responsabilidade. Eu não posso alegar ignorância ou imperícia do contador. Ele não vai assumir as dívidas comigo, terá um processo separado. Em que isso me protegeu?

      Por que a obrigatoriedade legal de se contratar um profissional de seus R$300,00 por mês para fazer a contabilidade? Ou que um sisteminha simples poderia resolver? E, na minha opinião, é outra área que deveria cair. Mas acho que não podemos usar o erro das outras áreas, para justificar a introdução de um erro em nossa área também.

      Caiu a restrição do jornalismo. Como deveria cair também a dos advogados, no direito. A opção por usar um profissional de baixo custo é exclusivamente do cliente e os riscos financeiros são dele também. Qualquer empresa maior e séria irá exigir profissionais com um bom histórico naturalmente. Sem falar que você assume que o diploma é garantia de qualidade, o que já expliquei no texto não se tratar de verdade.

      • Claudio disse:

        Fala Vini, tudo bem?

        Acho que você entendeu errado a questão da regulamentação.

        Se você acha que é despretencioso pagar R$ 300 tabelado para um Contador fazer a sua contabilidade; tudo bem; porém o que não pode colocar como se fosse tudo na questão do “Do it Yourself”. Um exemplo bem bobo é que se você tivesse uma empresa com capital aberto eu aposto que a CVM não deixaria você apresentar uma análise de balanço de um contador que te cobrou uma bagatela de R$ 300 reais.

        Enfim o ponto é bom e a discussão é válida! Abs!

      • vinigodoy disse:

        Não entendi nada errado, Cláudio. O ponto que defendo é que a lei não deveria impor a exigência de um diploma para quem fez o registro contábil, seja ele qual for. Isso é chamado de restrição de mercado.
        Se um dono de uma mega corporação de capital aberto quiser fazer ele mesmo o registro de sua empresa, ou chamar o sobrinho cheio de espinhas pagando uma merreca, deveria ser um direito dele.

        Já existem leis que punem os donos de empresa que fazem a contabilidade de maneira errada, seja através de multas pesadas ou até de processos penais. Frente a esse risco, o cliente já vai ser muito criterioso sobre quem irá contratar para fazer sua própria contabilidade, a partir do momento em que perceber que ele mesmo não daria conta.

        Isso nem invalida os exames de ordem, nem a faculdade de contabilidade. Eles continuam sendo mecanismos importantes tanto para certificar profissionais, quanto para auxiliar em sua capacitação.
        Mas retirar as restrições dá chance para bons auto-didatas e reduz os custos para pequenos empresários, ao mesmo tempo que deixa de servir de escudo para aqueles contadores medíocres que não se garantiriam sem a lei.

  4. Robson Acir disse:

    Concordo em alguns fatores, discordo bemmm pouco em outros. Mas uma coisa é fato e isso reforça seus argumentos, é que a Justiça e Política não estão preparados para informática, eles não sabem do que se trata, praticamente tudo que se trata de Informática, tem um jeito diferente de acontecer, mesmo que a abordagem aparente ser a mesma para quem está do lado de fora com olhar de leigo. A informática é um mundo onde nós desenvolvedores entendemos e sabemos dos problemas, os demais acham que entendem e isso está bem claro. Políticos citam fatos e idéias de restrição para internet que não cabem, pois eles tem visão de mundo real, idem a essa regulamentação, a informática é um novo paradigma de pensamento, ações e regras, e isto não é entendido nem por 10% da população, pois mesmo os ditos profissionais da área, ainda não acompanham esse paradigma.

  5. Eduardo disse:

    Eu acho que regulamentar uma lei iria impor mais taxas, não iria mudar em nada o salário, e acabar atrapalhando os autodidatas, e a maioria dos “prostitutos” saem das universidades “prostitutas”, no meu caso conheci muitos casos assim. E por um lado mais real da situação e crítico, digo-lhes que “prostitutos” fazem parte do ecossistema, afinal as “features” e “sistemas” desenvolvidos por conta desses profissionais altamente instruídos . São a causa dos altos salários que vários PROFISSIONAIS DA T.I.

  6. Ricoldi disse:

    Acho que se você é bom não precisa de nada mais do que você mesmo para provar isso, e se uma pessoa sem formação te assusta melhor rever a sua qualidade como profissional.
    Conheço muita gente, muita gente mesmo, formada e que não sabe nada, sem duvida poluindo a imagem do profissional e ainda da faculdade. Eu estou muito bem com meus estudos caseiros, obrigado.

    • Jesse James disse:

      Concordo com sua argumentação, mas se os cursos não são valorizados serão paulatinamente extintos. E quanto aos formados que não sabem de nada, conheço vários também mas esses se não foram selecionados na faculdade serão selecionados no mercado.
      Sou professor de faculdade e te aconselho a se puder ingressar em uma. Vai ser chato, difícil e muitas vezes frustrante mas vai te abrir horizontes profissionais e intelectuais. Se puder tente uma federal, ainda são as melhores.

      • vinigodoy disse:

        Para os cursos serem valorizados eles precisam ser de qualidade. É comum ver em fóruns (como o GUJ) a busca pela certificação Java. E por que essa certificação ocorre? Por que ela é um referencial importante e as empresas o valorizam.

        Se está havendo desvalorização é papel nosso, Jesse, como professores universitários que somos, identificar onde está a deficiência e apontar para a coordenação do curso.

        Por que tantos alunos ruins estão conseguindo se graduar? Ou, se não são considerados ruins pelas faculdades, por que as empresas o consideram? E por que os alunos consideram os cursos ruins?

        Ricoldi, eu também aconselho que você faça uma faculdade, pelos mesmos motivos que o Jesse apontou.

        Primeiro, porque os cursos, de maneira geral, são de qualidade.

        Segundo, porque são, sim, valorizados pelas empresas, por concursos públicos e por institutos de pesquisa. É só notar que empresas grandes muitas vezes exigem a faculdade em currículo, principalmente na contratação de júniores.

        E terceiro, porque além de contribuir para seu conhecimento técnico, te dará o contato de inúmeras pessoas da área. Não negligencie a importância do networking. Ele é fundamental para você conseguir boas oportunidades na sua carreira.

  7. Jesse James disse:

    Discordo da sua argumentação de não regulamentação mas concordo com suas razões.
    Primeiro: discordo que um profissional de informática tenha que ser formado na área com um curso formal pra exercer a profissão da mesma forma que qualquer um pode ser eletricista sem precisar fazer qualquer custo, no entanto pra ser engenheiro elétricista (ou elétrico) precisa ser formado na área. Notou a diferença?
    Não quero barrar ninguém por conta de um diploma, apenas acho que as empresas deveriam ser obrigadas a contratar engenheiros de softwares ou analistas (com essas funções na carteira) apenas se fossem formados na área ou se tivessem alguma especialização na área (é uma concessão). Eu mesmo, sabendo que poderia fazer solicitei a empresa onde trabalhava como programador que mudasse minha função para analista de sistemas (eu ainda não era formado) isso foi muito bom pois contou como horas para pontos em um concurso público (e foi totalmente legal).
    Então eu acho que quem já está trabalhando na área deveria ter seu direito preservado mas que a partir de uma data no futuro isso não fosse mais possível e defendo isso não por corporativismo ou pensando em mim mesmo mas porque eu vejo a crescente falta de profissionais qualificados e o desinteresse dos jovens em seguir em um curso superior de uma área difícil e onde não há exigência de curso superior (na faculdade onde dou aula por exemplo não formou turma no semestre passado e pelo que estou sabendo não formará de novo).
    Então é necessária uma obrigatoriedade de formação mas não para todas as funções. É isso ou ver os cursos de informática ficarem igual a cursos de matemática, física ou química onde só se interessam os fissurados na área (não que isso seja ruim),

    • vinigodoy disse:

      Na verdade, lançar em carteira a profissão que o profissional exerce é uma obrigação da empresa, e isso está até mesmo fora da argumentação aqui. Na verdade, é ilegal, independente de existir ou não uma formalização da área de informática.

      Agora, que benefício traria uma proteção de mercado, de impedir que alguém que não seja analista seja declarado como tal? Primeiro, se o profissional exerce mesmo aquela função, não interessando sua formação, é justo que ele seja considerado analista.

      Acho que a argumentação de “tem que ser assim pq na engenharia é assim” não é válida.

      Primeiro, precisamos nos perguntar porque na engenharia é assim. Para começar, é muitíssimo complexo ser auto-didata na engenharia, e o contrário não ocorre na informática. Em segundo lugar, a engenharia (sobretudo a civil) tem processos formais há anos e esses são bastante sólidos e confiáveis. Na informática, não só existem processos surgindo e sumindo diariamente, (RUP, SCRUM, XP), como não haveria benefício nenhum de impor que uma empresa adote um específico. Nossos processos ainda não tem um grau de confiabilidade alto, e nem precisam ter. E terceiro, os prejuízos de um mau engenheiro podem acarretar em perdas de vidas humanas ou catástrofes.

      Acho que o correto não é restringir a área de informática mas, pelo contrário, flexibilizar outras áreas. Como é o caso do direito ou mesmo da engenharia de software.

      A faculdade tem o seu papel. Ela é uma forma importante de certificação. Com ou sem exigência legal, empresas grandes procuram profissionais que tenham faculdade. Agora, por que barrar aqueles que conseguiram montar um currículo invejável, através do esforço próprio, e de diversas experiências profissionais?

      • Claudio disse:

        Vini beleza?

        To lendo na sequência por isso estou respondendo ad hoc.

        Sobre auto-didatismo na informática…

        Se for para decorar sintaxes e construir programinhas como software de padaria OK. Podem entar os mais auto-didatas; porém, na minha área (Data Mining) é praticamente impossível você ser auto-didata pois tem uma bagagem matemática pesadissíma; ou você acha mesmo que é mais difícil fazer uma aplicação em java do que aplicar Mean Shift em Clustering em Mineração de Dados?

        É complicado !

      • vinigodoy disse:

        O que impediria de um matemático formado, que é auto-didata em programação atuar nessa área? Ou um engenheiro?
        Eles tiveram a base matemática em outro lugar, até melhor do que alguém que foi formado, por exemplo, na faculdade de “Análise de Sistemas”?

        Agora, note que em momento nenhum está sendo questionada se a qualificação é ou não importante, ou estou dizendo que as empresas devem parar de exigi-la. Aliás, ao final do texto, eu volto a reforçar a importância de faculdades e certificações.

  8. Inocêncio disse:

    Só porque vemos profissionais como médicos sendo medíocres e ganhando horrores não deveremos achar que com a área de TI seja a mesma coisa. A questão de você delimitar cargos, obrigar diplomas não irá trazer qualidade para o mercado, só irá restringir as empresas em suas formas de contratação. O profissional que é bom de verdade terá o seu espaço pela simples lei da “oferta e procura”, se a empresa demanda de um serviço complexo e raro, o primeiro que conseguir preencher essa lacuna será contrato, e para ela se você demonstrar ser capaz de cumprir tal inserção, então ela irá te contratar, independente de sua formação profissional.

    TI é uma área meio e não fim, é como a matemática, ela pura não serve para “nada”, mas ela é a base das áreas de ciência e é, portanto, impossível desenvolver uma tese em física, uma pesquisa química sem o seu auxílio, ela portanto entra com o seu valor substancial agregado, e dá significado nos resultados das outras áreas. A área de TI segue na mesma lógica, sendo uma área de auxílio para desenvolvimentos diversos em toda a amplitude da sociedade. Ficar comparando área X com área Y não é justificativa plausível de seguir. Se a medicina tem lá suas idiossincrasias, é de mera questão natural de sua área e isso, não envolve dizer que a nossa deveria ser assim.

    Concordo no quesito “facilidade” para entrar no mercado, onde muitas vezes encontramos pessoas que simplesmente estudam alguma tecnologia e conseguem achar um emprego, enquanto que as outras áreas, dificilmente iríamos encontrar alguém que pudesse entrar de forma tão rápida e prática em seu mercado de trabalho, mas não os profissionais medíocres que nivelam a área de TI, como disse antes… se a empresa demanda de algo complexo, raro e até mesmo perigoso para o seu mercado, ela irá contratar obviamente um profissional bem qualificado que cumpra esses requezitos, e pela própria natureza da questão, esse profissional será bem caro!

    Ser formado ou não, não é garantia de nada. Quem faz antes de tudo a carreira é o próprio profissional, ele que deve ser responsável em aprender, em engendrar e esquematizar a sua vida profissional. Mas não devemos nos abster da importância das faculdades, uma boa faculdade sempre tem algo à adicionar na vida do profissional, não podemos é ser extremistas achando que a faculdade nunca irá nos adicionar nada ou adicionar tudo, tudo é um meio termo ponderado ao qual o próprio profissional tem a sua parcela de mérito e a faculdade, cursos, extensões, etc. têm a outra.

  9. Daniel disse:

    Sou formado graduado eu e um amigo também formado, abrimos uma empresa produção de software é mais lucrativo, pagar uma pessoa com ensino médio mesmo ensinando do pagar, para nivel superior, no final é mais lucrativo e tem o mesmo resultado, é so aplicar pscologia em algo com custo mais barato e gestar para se atingir o objetivo.
    Pra que fazer curso superior para ser pião, fazer para mandar, gerenciar!!!

    Eu quero $$$$$

  10. Andressa disse:

    Muito bom o post. Concordo totalmente com a sua visão sobre o tema.

  11. Ricardo disse:

    Se você acha que por cursar 4 anos você vai ser um programador bom, vai em frente.
    A área de linguagens é um campo vasto, se você quer ser bem remunerado tem que entender bem o que faz e não ficar se apoiando em um papel (diploma). Estou no primeiro ano e ganho atualmente 5 vezes mais que um profissional formado, será o porquê disto?

    • João Bitencourt disse:

      Olá Ricardo, tudo bem?
      Então porque será que voce está “perdendo seu tempo” e cursando uma faculdade??
      Antes de postar um comentário, pense bem para não correr o risco de cuspir no próprio prato de comida. Abraços!

  12. Cláudio Piomonte disse:

    Ter um diploma qualquer de qualquer curso deveria ser um fator de satisfação pessoal e, principalmente, de aptidão em relação ao curso escolhido. Infelizmente hoje o que vemos são vários jovens entrando em computação sem a mínima aptidão ou competência para atuar na área. Ou então outros que acreditam piamente que o mercado é igualzinho aos anos que passou na faculdade escrevendo códigos e elaborando projetos sem sentido.
    O profissional para ser valorizado deve realizar coisas relevantes. Vejo muitos “profissionais” de uma idéia única que não possuem flexibilidade para se adaptar às mudanças impostas nessa área. Hoje o que é altamente valorizado, amanhã deixa de ser e aquele profissional que se acomoda fica a ver navios. A academia é muito lenta neste sentido. Um conselho de quem vive há anos nesse mercado, quando entrarem no curso de computação busquem um estágio até pra trabalhar de graça. Em poquíssimo tempo você será um profissional antenado com as circunstâncias do mercado de TI e, ai sim, começa a ter valor. Estudar continuadamente, aprender técnicas relevantes e nunca “viajar na maionese”, afinal criar software não é igual a pintura de uma obra de arte, como gostariam muitos profissionais da área. Desenvolvimento de software é um tremendo negócio que só quem tem competência deve se meter a fazer, independente de diploma.

  13. maroliveira disse:

    Se você descobre que tem um tumor no cérebro você confia a sua vida a um:

    a) Neurocirurgião
    b) Curandeiro
    c) Filho do seu vizinho que “manja” um pouco do assunto

    • vinigodoy disse:

      Não creio que essa seja uma analogia válida para informática. Até onde sei, 90% dos sistemas comerciais por aí não irão matar ninguém, principalmente os de pequenas empresas. Tanto que nossos programadores não são obrigados a fazer 2 anos de residência, e nossas faculdades tem capacitado profissionais em apenas 3 anos.

      E, para os casos dos sistemas que matam, já existem regulamentações muito rígidas, como as do CREA ou a do CRM, que exige que profissionais regulamentados certifiquem e assinem os projetos. Se você quer trabalhar em sistemas assim, forme-se adequadamente para esses casos.

      No que uma regulamentação genérica em informática melhoria a situação para pequenas e médias empresas que querem contratar um site?
      Seria o mesmo que perguntar:
      “Você vai pintar um único lado do muro da sua casa, e não dispõe de muita grana. Você…
      Chama o filho do seu vizinho, que não fez curso, mas seu vizinho promete que ele faz um bom trabalho, praticamente graça
      Contrata um pintor, sem faculdade, mas que trabalha há anos com isso, mas que cobra dentro do seu orçamento.
      Contrata um engenheiro civil, que estudou muito na faculdade, mas talvez nunca tenha efetivamente pintado uma casa, e que exigirá que você gaste mais do que possui, talvez parcelando o serviço.
      Contrata um engenheiro civil que tem alguns anos de profissão, um time de pintura, mas irá custar muito mais dinheiro do que você tem, te obrigando a contrair um empréstimo.”

      Note que o penúltimo caso, você tem o profissional mais estudado, mas talvez não o mais qualificado tecnicamente. E note também que a obra é pequena, não é crítica, e não exige que se tenha tanta capacitação ou rigor, pois o pior que pode acontecer, é você ter uma pintura mau feita que terá que ser retocada daqui há alguns anos. Finalmente, veja o absurdo do último caso, onde você tem superqualificação para um serviço pequeno.

      Alguém sem noção contraria o filho do vizinho, mas nada garante que essa é uma escolha necessariamente errada, pois a pintura da casa pode ser um item desejável, mas haver melhores locais para investir os recursos. Agora, qualquer pessoa com mais noção contrataria o pintor.

      Além disso, vale lembrar que grandes empresas já possuem processos de seleção bastante rígidos, e já procuram profissionais que tenham se formado em faculdades. Ser autônomo e entrar em uma grande empresa exige um portifólio de sucesso, que comprova tão bem sua qualificação quanto um pedaço de papel. Por isso ressaltei que certificações são importantes.

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  16. Claudio disse:

    E sobre o Piso,

    Pergunte para os caras que são sindicalizados pela Febraban, Sindicato dos Professores Federais, Sindicato dos Policiais Federais, OAB se eles estão insatisfeitos…

  17. Claudio disse:

    Vou tentar ser o mais sucinto possível…

    1) […]Por que a obrigatoriedade legal de se contratar um profissional de seus R$300,00 por mês para fazer a contabilidade? Ou que um sisteminha simples poderia resolver?[…]

    Pelo simples fato de que mesmo com esses controles temos uma complexidade contábil fiscal que já é uma tarefa muito grande para contadores imagine abstrair isso para um “sisteminha”. Trabalhei com SAP (que é o melhor do mercado em termos de ERP fiscal perdendo só pro MAsterSAF) e aposto o quanto for com você que não é nada trivial acompanhar a legislação fiscal.

    Outra coisa, a não ser que você faça somente site de padaria diversas instituições que lidam com finanças são reguladas de maneira muito séria (CMV, ANBIMA) além de regras bem claras da Sarbanes-Oxley só para se ter idéia. Ou seja a generalização já caí por terra aí mesmo.

    No mundo ideal e utópico o que você fala é ótimo; mas se você puder cite 5 países que adotam esse modelo totalmente “free regulation” pois eu não conheço nenhum; e as pessoas que estão lendo os post agradeceriam.

    2) […]Se um dono de uma mega corporação de capital aberto quiser fazer ele mesmo o registro de sua empresa, ou chamar o sobrinho cheio de espinhas pagando uma merreca, deveria ser um direito dele.[…]

    Diga um país onde tem isso, ou mesmo uma referência a respeito dessa ausência de regulamentação. Isso não é uma questão de direito, mas sim uma garantia dos investidores não correrem um risco passívo devido à uma ausência de regulamentação.

    3) […]O que impediria de um matemático formado, que é auto-didata em programação atuar nessa área? Ou um engenheiro?
    Eles tiveram a base matemática em outro lugar, até melhor do que alguém que foi formado, por exemplo, na faculdade de “Análise de Sistemas”?[…]

    Concordo que se for para tratar de problemas básicos de informática (troca PC, instala windows, programa software de padaria) até o meu sobrinho de 2 anos consegue fazer. O problema é quando entra-se para lidar com aspectos holísticos inerentes a profissão de fato. Projetos de Business + Tech skills são muito diferentes de programação de software de padaria. Esse tipo de shift é a mesma coisa como um matemático que saí da teoria ergódica e ‘desce’ para conjuntura Bateman-Horn. Essa é a diferença fundamental.

    Não estou defendendo a sindicalização (não nesse formato que é compulsório, há modelos ótimos como o alemão no qual há competição sindical) radical ou reserva de mercado (e não restrição de mercado); só defendo salários justos através de valorização (no caso teto via CBO) bem como responsabilidade jurídica aos profissionais de TI (TI Sério, não projeto de software de calculadora de padaria).

    • vinigodoy disse:

      Pelo simples fato de que mesmo com esses controles temos uma complexidade contábil fiscal que já é uma tarefa muito grande para contadores imagine abstrair isso para um “sisteminha”. Trabalhei com SAP (que é o melhor do mercado em termos de ERP fiscal perdendo só pro MAsterSAF) e aposto o quanto for com você que não é nada trivial acompanhar a legislação fiscal.

      Outra coisa, a não ser que você faça somente site de padaria diversas instituições que lidam com finanças são reguladas de maneira muito séria (CMV, ANBIMA) além de regras bem claras da Sarbanes-Oxley só para se ter idéia. Ou seja a generalização já caí por terra aí mesmo.

      No mundo ideal e utópico o que você fala é ótimo; mas se você puder cite 5 países que adotam esse modelo totalmente “free regulation” pois eu não conheço nenhum; e as pessoas que estão lendo os post agradeceriam

      Acho que você está confundindo meus argumentos. Eu jamais advoguei contra regulações de mercado, ou empresas certificadoras como a Sarbanes-Oxley ou processos de qualidade como o CMMI (pelo contrário, no final do meu post, deixo claro que certificadores devem sim, existir). Estou advogando contra a reserva de mercado, feita pelo governo. O cliente, que contrata o serviço, tem o direito de exigir o profissional que quiser, com a qualificação que quiser, porque ele paga a conta e ele assume o risco do serviço mal feito. O mercado cria mecanismos de qualidade, para evitar perdas financeiras. Se fosse você o contratador de um novo colega de trabalho, independente de regulação, você não criaria uma lista de exigências, entre elas a faculdade de informática e experiência contábil?

      O que estou argumentando é que quem define esses critérios deve ser apenas quem contrata, com base na necessidade. Meu argumento sempre foi contra a reserva de mercado através de leis, pois ela é burra. Ela não leva em conta se o sistema é de padaria ou não. Ela também não leva em conta se o profissional formado é competente ou não. Impõe alta qualificação, até para quem não precisa de alta-qualificação, ao mesmo tempo que protege o medíocre, só porque tem um canudo na mão.

      O fato de eu não querer uma lei impondo o diploma de informática, não quer dizer que eu queira uma lei proibindo pessoas de exigi-lo. Também não quer dizer que eu queira a extinção de certificadores.

      Diga um país onde tem isso, ou mesmo uma referência a respeito dessa ausência de regulamentação. Isso não é uma questão de direito, mas sim uma garantia dos investidores não correrem um risco passívo devido à uma ausência de regulamentação.

      Não existe restrições de mercado em informática nos EUA, na Inglaterra, na Espanha, na França, na Itália, na Índia… Existem mecanismos certificadores? Sim. Existem regulações e critérios de qualidade para certos tipos de trabalho? Evidentemente.

      Concordo que se for para tratar de problemas básicos de informática (troca PC, instala windows, programa software de padaria) até o meu sobrinho de 2 anos consegue fazer. O problema é quando entra-se para lidar com aspectos holísticos inerentes a profissão de fato. Projetos de Business + Tech skills são muito diferentes de programação de software de padaria. Esse tipo de shift é a mesma coisa como um matemático que saí da teoria ergódica e ‘desce’ para conjuntura Bateman-Horn. Essa é a diferença fundamental.

      Claro, para problemas mais complexos, iremos exigir profissionais mais qualificados. E iremos fazer testes específicos e, as vezes, exigir mais do que uma graduação (mestrado, dupla graduação, etc.). Iremos criar empresas que aferem qualidade, processos sérios. Mas isso será feito pelo mercado, não por um burocrata engravatado que não entende absolutamente nada de informática, nem por um conselho que foi imposto por lei, e que tem seu direito de existir fazendo ou não um bom trabalho.

      Não vejo problema nenhum do governo, por exemplo, impor que para se colocar um avião no ar, ele deva ser certificado por uma empresa séria de auditoria, presente no mercado, ou por um ou mais processos de qualidade (ISO, CMMI, etc). A empresa que buscar esse certificado, naturalmente irá exigir qualificação do seu profissional, sob pena de perder todo investimento em seu produto.

      Não estou defendendo a sindicalização (não nesse formato que é compulsório, há modelos ótimos como o alemão no qual há competição sindical) radical ou reserva de mercado (e não restrição de mercado); só defendo salários justos através de valorização (no caso teto via CBO) bem como responsabilidade jurídica aos profissionais de TI (TI Sério, não projeto de software de calculadora de padaria).

      Nesse caso, você também não defende a lei de regulamentação da profissão como ela está sendo proposta. Estão propondo reserva de mercado, estão propondo criação de um conselho centralizador e não falam nada sobre tirar o monopólio dos sindicatos.

      A questão da responsabilidade jurídica me preocupa bastante. Que tipo de processos você consideraria necessários para dizer que um profissional de TI fez um trabalho “sério”? Aliás, que critérios você utiliza para dizer que um sistema “não é sério” ou “é sério”?

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